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26 junho 2013

Vândalos são os mesmos de torcidas organizadas


Goiânia-GO

Polícia Civil considera que atos de depredação foram praticados por grupos conhecidos por agir com violência na capital
Passos


Além de carros, vidraças também foram quebradas na sede da TV Serra Dourada, no Jardim Goiás

A Polícia Civil trabalha com a informação de que um grupo de vândalos se infiltrou nas duas manifestações que tomaram as ruas de Goiânia, no intuito único de promover saques e depredações. Prédios e carros ficaram destruídos após a passagem do bando durante o protesto de segunda-feira (24).

O delegado titular do 1ª Distrito Policial (DP), Isaías Pinheiro, considera que homens que costumam adentrar torcidas organizadas, os mesmos que causam depredações e confusão após partidas de futebol no estádio Serra Dourada, foram os responsáveis pelos ataques mais recentes. “É a mesma quadrilha que infiltra as organizadas do Vila Nova e Goiás. Não são manifestantes, são bandidos”, afirmou. O número certo de pessoas mobilizadas para tais ações ainda é incerto.

Pelo menos dez pessoas foram presas durante os dois últimos protestos. Alguns dos detidos devem responder inquérito policial por formação de quadrilha e crime qualificado, que será encaminhado à Justiça nos próximos dias. No momento, há apenas dois homens que permanecem presos. O restante foi liberado, pois cometeram crimes considerados de menor potencial ofensivo, que foram registrados em um Termo Circunstancial de Ocorrência (TCO).

O delegado ainda disse que entre os vândalos há muitos adolescentes menores de 18 anos. “Todos eles têm passagem pela polícia por furto, roubo, dano ao patrimônio ou homicídio.” Único detido na manifestação de segunda-feira que teve a identificação divulgada, Leonardo Henrique de Almeida, 19 anos, permanece na carceragem do 1ª Distrito Policial (DP).

Na busca de identificação dos responsáveis por depredações, a Polícia Civil trabalha em parceira com a Polícia Militar (PM). De acordo com o tenente-coronel Walter Caetano Pereira, inúmeros carros foram danificados, sendo inclusive três da imprensa e uma viatura policial. Disse também que imagens podem auxiliar o trabalho investigativo. “Estamos trabalhando para que os culpados sejam identificados. A polícia é orientada a fazer imagens da ação, caso seja possível”, acrescentou.

O Serviço de Inteligência da Polícia Militar (P2) continua com o monitoramento e levantamento de informações. Tenente-coronel Walter Pereira, chefe da assessoria de comunicação social da PM, ressaltou que o serviço da P2 é sigiloso, por isso, normalmente os detalhes do trabalho não são divulgados.

Defesa de acusados

O advogado Bruno Pena, que atuou na defesa criminal dos manifestantes, disse que, inicialmente, na primeira grande manifestação, nove pessoas foram detidas. “Mas, no dia da prisão mesmo, conseguimos liberar cinco. Em outros quatro casos, foram lavrados apenas boletim de ocorrência.”

O advogado, que é membro da coordenação do sistema internacional de defesa dos direitos do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), acredita que os acusados, se condenados, devem responder ao processo em liberdade. “Não existe nenhum elemento probatório da autoria do delito. Só tem a palavra dos policiais contra a palavra dos detidos”, ressaltou.

Ele ainda informou que o presidente do Conselho Federal já se reuniu com a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário. Na ocasião, o conselho solicitou para que houvesse determinação de que a polícia não atue com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha durante as manifestações. “Pois é isso que leva ao confronto”, acredita o advogado.

Frente considera polícia incapaz de dialogar

Apesar de não ter participado e mobilizado a população para a manifestação que aconteceu segunda-feira em Goiânia, integrantes da Frente Contra o Aumento da Passagem, responsável pelas primeiras mobilizações, acredita que a força policial é incapaz de dialogar com os manifestantes. Flávio Batista do Nascimento, um dos integrantes do grupo, analisou o desfecho do movimento de segunda-feira e considerou que a polícia atuou de forma desproporcional.

Ele não apoia atitudes de vandalismo, mas afirma que a ação policial que pôde ser observada é ainda mais problemática. “Demonstra incapacidade. Sabemos que existe na polícia um grupo repressor que atua nas periferias, não só de Goiânia, mas do Brasil, que age com truculência.”

A Frente também acredita que a série de demandas cobradas nas ruas ficou ampla demais. “Agora há certa insatisfação social, que é de certa forma difusa. Da maneira com está não representa nossos anseios”, disse. Uma reunião na noite de ontem foi realizada pra definir a próxima pauta do protesto organizado pela Frente Contra o Aumento. “Nossa ação está tentando pautar manifestações com movimentos sociais e grupos. Ontem a presidente já anunciou a possibilidade de uma reforma política. Isso para nós já é interessante”, defendeu.

A Frente Contra o Aumento pretende ainda traçar uma estratégia para que não aconteçam atitudes violentas durante a próxima marcha, que ainda não tem data marcada. “Estamos abertos, não somos um grupo fechado. O que não queremos é comprar a pauta de nacionalismo exacerbado”, finalizou. (LP)

Fonte: Jornal o Hoje de Goiânia-GO

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