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19 abril 2013

O engraxate do juiz torna-se advogado


Joaquim Pereira criou a própria história de superação e hoje, após rotina de 20 engraxadas por dia, cola grau no curso de Direito

GALTIERY RODRIGUES
Em 19/04/2013, 00:18

Raro. É essa a palavra para definir o exemplo de Joaquim Pereira Ramos Filho, de 23 anos. O jovem natural de Monte Alegre de Goiás, a 569 quilômetros de Goiânia, veio para a capital há seis anos e meio e trilhou um caminho improvável. Engraxate, de família humilde, mas perseverante e sonhador, Joaquim conseguiu pagar a faculdade sozinho e recebe a colação de grau hoje, no curso de Direito, pela Universidade Salgado de Oliveira, a Universo. Ele, sim, pode dizer aos quatro cantos e para quem quiser ouvir que venceu. E mais: mostrou a tantos que o desacreditaram que tudo é possível.
Joaquim é o caçula de uma família com quatro filhos. Quando completou 17 anos, mudou-se para Goiânia para morar com o irmão mais velho. Ele queria terminar os estudos e encontrar um trabalho, mas se mudou com a ideia de que não queria mais engraxar, atividade que ele começou a exercer aos 11 anos em Monte Alegre. Mesmo assim, trouxe a caixinha a tiracolo para salvá-lo quando preciso, pois, racional desde novo, sabia que os primeiros meses na nova cidade não seriam fáceis.
Só depois de 90 dias perambulando, batendo de porta em porta, Joaquim conseguiu um emprego. Na época, ele conciliava os afazeres do trabalho numa fábrica de enxovais, onde ele montava mosqueteiros, com os estudos, no Colégio Estadual Dom Abel, no Setor Pedro Ludovico, onde fez a segunda metade do 3º ano colegial. Mas Joaquim montou mosqueteiros só por três meses. O salário era pouco e ele sabia que podia ganhar mais, “pelo menos duas vezes mais”, conta. O motivo para isso veio da crença no próprio potencial e no poder da determinação que sabia que detinha.
Em casa, num sábado, Joaquim decidiu experimentar. Pegou a caixinha de engraxate e saiu para ver no que dava. Falante, simpático e com jeito especial de abordar as pessoas, conseguiu juntar 20 reais em poucas horas. Ele fez os cálculos e percebeu que poderia dar certo nas ruas. “Foi automático. Conheci um que me indicou para outro, que pegou meu telefone e passava o número para os amigos e assim foi indo”, relata. A clientela, no entanto, é peculiar. Joaquim fez fama e carreira no meio jurídico. Já engraxou os sapatos do ex-presidente do Tribunal de Justiça de Goiás Leobino Chaves, do atual procurador-geral do Estado, Alexandre Tocantins, do juiz Jesseir Alcântara e de uma série de advogados renomados, como Felicíssimo Sena, Ricardo Naves e Flávio Rodovalho.
A convivência com tais pessoas mudou a vida do rapaz. De repente, estava ele indo engraxar os sapatos com cartão de visita em punho, vestido de camisa social, calça e sapato brilhando. “Sou muito enjoado com a limpeza dos meus e fiquei mais ainda depois que vi que precisava ser mais cuidadoso para frequentar esses ambientes”, conta. O acesso aos gabinetes foi sendo liberado à medida que o tempo ia passando e a clientela sendo formada. Hoje, ainda em plena atividade, faz 20 engraxadas por dia, 100 por semana, 400 por mês. E existe até um cronograma, em que ele separa cada dia da semana para visitar órgãos e locais específicos.
Exemplo chamou a atenção de autoridades
A escolha pelo curso de Direito também é fruto da relação de Joaquim com advogados. Ele conta que nunca determinou qual profissão seguir, apenas resolveu, desde cedo, que seria um bom profissional, independente da área. Um ano depois de terminar o colegial, decidiu entrar na faculdade. Fez o vestibular, passou e muitos acharam aquilo uma loucura. Não foram poucos os que aferiram palavras, como: “Cuidado. Entrar na universidade é fácil. Difícil é sair.” Joaquim olhava para estes em silêncio, guardando para si a certeza de que seria capaz e que mostraria isso para todos, mais tarde. Deu no que deu.
O rapaz se forma hoje com histórico excelente, boas notas e detentor da simpatia dos professores, dos quais também engraxa os sapatos. Alguns escritórios já o procuraram para oferecer emprego, mas Joaquim diz que só largará a função quando passar no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Ele vai fazer a prova em junho e sonha em passar no concurso para promotor. As duas áreas preferenciais são Direito Civil e Penal. Para a colação, convidou cerca de 200 pessoas, entre amigos, parentes, clientes e até mesmo o governador Marconi Perillo.
Em 2008, no escritório do advogado Fernando Rodovalho, Joaquim foi apresentado ao, na época, senador da República. Marconi ficou impressionado com a determinação do jovem e, mais, com o talento daquele rapaz, que cantou e tocou músicas gospel na sua frente. Joaquim é evangélico, toca violão e, vez ou outra, leva consigo o instrumento para o escritório dos advogados e canta algumas músicas. Na ocasião, Perillo disse, ao saber que ele cursava Direito, que iria na formatura quando o jovem se formasse e pediu para que lhe encaminhasse o convite. E assim Joaquim fez, aguardando ansioso para saber se tal fato irá mesmo ocorrer.
Colação de grau
A colação é hoje, às 20 horas, no Centro de Convenções. Os pais de Joaquim vieram de Monte Alegre para acompanhar as festividades e não conseguem disfarçar a alegria e o orgulho do filho. Ele também está extasiado e, mais do que nunca, sente-se honrado em dizer para todos que é um engraxate advogado. Na verdade, vergonha ele nunca teve, mas sofreu discriminação diversas vezes, seja na rua, durante o trabalho, seja na faculdade, onde muitos o viam, no início, com olhar piedoso ou discriminatório. “Sofri, mas isso não me atingiu. Eu sempre me valorizei”, diz.
Rotina repartida: trabalho, estágio e estudo
Durante a faculdade, os dias foram de muito esforço e labuta. Joaquim se recorda que aproveitava cada instante para fazer uma engraxada a mais e juntar dinheiro. No decorrer do curso, ele teve de vender um Corsa e um lote, ambos comprados com o próprio dinheiro, para conseguir arcar com os custos. Afinal, não eram só as mensalidades. Faculdade envolve outros gastos. Com o tempo, algumas pessoas foram lhe ajudando. Um deles foi o empresário Carlos Figueiredo, que o conheceu na rua, soube do garoto e decidiu incentivar.
Bolsa
No penúltimo período, Joaquim conseguiu uma bolsa pela Organização das Voluntárias de Goiás (OVG). Na mesma época, foi indicado por um advogado amigo para um vaga de estágio na Procuradoria Geral do Município (PGM), onde também trabalhou até dezembro do ano passado. Ele acordava cedo, ia para faculdade, onde ficava até às 10, 11 horas. Depois, até chegar a hora do almoço, Joaquim ia engraxar alguns sapatos, almoçava e ia para o Fórum do estágio, de onde saía às 18 horas. Na época, ele tinha aulas à noite também. Entre 18 e 19 horas, quando tinha de retornar para a universidade, o jovem engraxava mais sapatos, porque tempo era dinheiro e ele precisava se formar.
Não foi fácil, mas gratificante. Joaquim divide apartamento no Centro com um amigo. Hoje, diz que pretende comprar um carro, pois já conseguiu a carteira de motorista, também com o dinheiro de engraxate e que, se um dia for rico, vai ajudar todos que, assim como ele, se esforçam honestamente para driblar os obstáculos e ser alguém. “Quem sonha consegue. O desafio é o que motiva a lutar”, afirma.

Fonte: Jornal O Hoje de Goiânia-GO


Marconi anuncia obras em reduto de Iris


 

Governo Itinerante recomeçou na região noroeste com promessa de obras no valor de R$ 50 milhões, incluindo o Hugo 2
CHARLES DANIEL
Em 19/04/2013, 00:06
O governador Marconi Perillo (PSDB) anunciou ontem investimentos de R$ 50 milhões em obras de pavimentação, esgoto, drenagem pluvial, construção de 315 casas populares, de um Centro Integrado de Cidadania, de duas praças, de um Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei), entre outras obras, durante a primeira edição do Governo Itinerante de 2013, na região noroeste. A região é reduto tradicional do ex-prefeito Iris Rezende e, por consequência, do atual gestor de Goiânia, Paulo Garcia.
Marconi disse que o evento é uma forma muito eficiente de interlocução e diálogo, bem como de prestação de serviço à população mais afastada dos centros urbanos. “Estamos atendendo mais de 500 mil pessoas que vivem na região noroeste por todos os órgãos do governo estadual, federal e entidades que prestam serviços eficientes e rápidos”, exaltou.
O diferencial da nova edição, segundo ele, é o aprimoramento, com o oferecimento de mais serviços. “Temos praticamente todo o governo aqui”, salientou.
O coordenador do programa Governo Itinerante, secretário de Articulação Institucional Daniel Goulart, disse em seu discurso que a região foi escolhida para sediar a retomada do evento porque é a mais populosa da capital. A localidade também foi escolhida pelo prefeito Paulo Garcia (PT) para sediar o primeiro mutirão do ano, no dia 18 do mês que vem (a data seria o próximo dia 27, mas foi adiada).
Melhorar imagem
Daniel afirmou que o foco do Governo Itinerante é aproximar os serviços públicos da sociedade, mas nos bastidores fala-se que Marconi espera melhorar sua popularidade com os eventos, assim como ocorreu em 2001 e 2002. Por si só, os eventos não têm essa capacidade de recuperação, é necessária a realizaçãodas obras prometidas para que a população sinta os efeitos no dia a dia dos bairros onde mora.
No terceiro ano do seu primeiro mandato, a partir de setembro de 2001, o governador realizou 50 eventos pelo Estado, o que lhe rendeu o aumento da popularidade e a reeleição em 2002. Desta vez, o tucano fará 13 eventos até setembro e deverá realizar outros no final deste ano e no decorrer do próximo.
Em fevereiro, o governador revelou que espera uma avaliação melhor ao final da gestão, ao comentar uma pesquisa do Instituto Fortiori sobre a aprovação de sua administração, à época de 45,7%.
Marconi se esforçou para detalhar as iniciativas do Estado que beneficiará diretamente a região em pouco mais de 20 minutos de discurso, já com a voz rouca. Antes, ele entregou 5 mil kits escolares; 158 escrituras da Vila Mutirão; 57 cadeiras de rodas; 50 passaportes para idosos; entre outros.
Durante o discurso, o governador citou obras concluídas e que terão início, como o Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT); Vapt Vupt da Avenida Mangalô; iluminação e duplicação da GO-070 entre Goiânia e Inhumas; duplicação do trecho entre Inhumas e a Cidade de Goiás; construção de um viaduto na saída de Trindade e outro na entrada da Vila Mutirão; construção da Universidade Estadual de Goiás (UEG) e do Hospital de Urgências (Hugo2) na região noroeste.
“Se eu tivesse ficado circulando o tempo todo, parecendo biruta de Aeroporto, não teria conseguido fazer o governo acontecer”, desabafou.
Outros dois eventos ocorrerão em Goiânia, nas regiões norte e leste, e dois em Aparecida de Goiânia. O cronograma prevê ainda edições até setembro em Águas Lindas; Trindade; Formosa; Novo Gama; Anápolis; Senador Canedo e Santo Antônio do Descoberto.
De acordo com Daniel, esta edição do Governo Itinerante, que seguirá até domingo, não alcançou a qualidade exigida pelo governador, em decorrência da falta de recursos.

Fonte: