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28 setembro 2011

Rotam contra a própria história

Goiás
Vandré Abreu




“A Rotam não cruza mais os braços”, diz o tenente-coronel Luiz Alberto Sardinha Bites, 45, comandante da Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam). O fato contrasta com a imagem sisuda e afeita de intimidações que caracterizou a tropa. No entanto, após histórico de problemas, a promessa é de um comportamento mais humano. Para tal, um grupo de novos policiais – entre eles, um ex-cabo do Bope, do Rio de Janeiro; um ex-jogador de futebol; um físico; e um engenheiro de computação, todos comandados pelo ex-árbitro de futebol.

Ao mesmo tempo em que a Rotam é criticada por defensores dos direitos humanos, ao aliar violência às abordagens, é idolatrada por signatários da segurança dura. O medo da Rotam fez sua fama e controvérsia entre quem pensa a polícia ao lado do ser humano e quem acredita que militares devem ser duros contra o banditismo.
Neste contexto, a Rotam já foi impedida de patrulhar após intimidações a jornalistas e permitida sua volta logo após policiais serem rendidos por uma quadrilha de ladrões de automóveis. Dizia-se que isso passou a ocorrer com a falta da tropa, pois os bandidos não teriam medo da PM.

A ideia de Bites é intimidar só bandidos. Ele comanda 63 homens, em que mais de 80% são soldados aprovados no último concurso da PM. “São pedras brutas que precisam ser lapidadas.” Homens com a missão de mudar a imagem da Rotam. Contra eles, a inexperiência, a história, ações intimidatórias e envolvimento de policiais em processos que correm na Justiça. 

A favor, serem novos na polícia, preparação humanista e fardas e viaturas como dos demais policiais. A estimativa é que mais de 95% da corporação tenha curso superior e, para Bites, isso é bom. Ele acredita que eles são capazes de conversar e não usar a violência. Mas ressalta que, se for preciso, vai fazer o uso.
A mudança iniciou em março, com a escolha de Bites para o comando e afastamento do tenente-coronel Carlos Henrique da Silva. Formado em Educação Física, Bites é conhecido por ser adepto ao diálogo e não pertencer à linha-dura da PM. “A gente é treinado para ter domínio da situação. Tem que saber que existe hora em que dá pra pegar o bandido e outras em que não.”

De polícia a juiz
Quando tenente, Bites se encantou com o trabalho do árbitro goiano Antonio Pereira da Silva. Decidiu que seguiria a mesma carreira. “Ele me inspirou a ser árbitro, era a referência.” Após a aposentadoria de Pereira, em dois anos, nenhum juiz goiano apitou na primeira divisão. Bites quebrou o tabu em 2004, no jogo entre São Caetano e Vitória. 

Bites diz que a carreira militar ajudou a de árbitro. “Especialmente na psicologia.” Nas ruas, o método é o mesmo. “Temos é respeito, mas não deixamos de abordar suspeitos e prender bandidos.”

 O físico Kleylton Nogueira, 30, foi professor até 2009. Passou no concurso e, pouco depois, a Rotam foi recolhida ao batalhão. “Achei que ia acabar e eu não poderia entrar.” Kleylton diz que o tempo como professor o ensinou o que a sociedade precisa. O engenheiro de computação Flávio Eduardo Ramos Azevedo, 29, concorda. O agora soldado Azevedo relata que “tudo o que se admira não pode deixar acabar” e, por isso, agradece quem manteve a Rotam e a deixou voltar às ruas.

fonte: O Hoje de Goiânia-GO
folha 15:41


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