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22 dezembro 2011

Capital tem segunda maior favela do país, o Condomínio Sol Nascente


BRASÍLIA-DF

Renata Mariz
Publicação: 22/12/2011 07:08 Atualização:
João de Morais aponta a segurança como um dos problemas do Sol Nascente (Iano Andrade/CB/D.A Press)
João de Morais aponta a segurança como um dos problemas do Sol Nascente

Favelas, invasões, grotas, baixadas, comunidades, vilas, ressacas, mocambos ou palafitas. As denominações são tão numerosas quanto os moradores desses locais. Exatos 11.425.644 brasileiros — quase cinco vezes a população do Distrito Federal — habitam essas áreas, chamadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de aglomerados subnormais. Dos 6.329 conjuntos habitacionais precários do país, 36 estão no Distrito Federal. Segundo os critérios adotados no levantamento divulgado ontem pela instituição, a capital federal tem a segunda maior favela do Brasil, a Área de Regularização de Interesse Social Sol Nascente, em Ceilândia. Com 56.483 pessoas, só perdendo para a Rocinha, no Rio de Janeiro. Todos os indicadores sociais nos assentamentos são piores que nas partes urbanas regulares dos respectivos municípios.

Gerente de Regionalização do IBGE, Claudio Stenner explica que grandes conjuntos de favelas, como o Alemão, no Rio, por exemplo, não são considerados uma única localidade. “A gente não trabalha com a ideia de complexos. Nesses locais, para as subdivisões internas, levamos em conta aspectos sociais e históricos, além do que as próprias prefeituras definem como área de cada aglomerado”, explica. No Alemão, além dos próprios moradores, o poder público reconhece as favelas separadamente. Cada uma tem, inclusive, sua associação de moradores. “Aglomerados contíguos, se considerados juntos, podem ser maiores que os localizados no DF. Mas, especialmente por se tratar de uma cidade nova, é preocupante ter 133 mil pessoas nesses conjuntos subnormais”, diz.

Faz 12 anos que Sueli Moreira da Costa mora na invasão apontada pelo IBGE como a segunda maior do país. Ela se mudou para a área conhecida como Sol Nascente com os seis filhos para sair do aluguel. “Nesse tempo todo, pouca coisa mudou. Chegou a água, mas luz, ainda não. O pior é a falta de esgoto e de coleta de lixo. A gente tem que colocar no muro da escola e esperar a caçamba passar”, lamenta Sueli. Na área regular do DF, enquanto 93,5% dos domicílios têm esgotamento sanitário adequado (ligado à rede geral de esgoto ou fossa séptica), somente 34,8% das residências dos aglomerados subnormais estão nessa condição. Abismo tão grande entre as duas populações só foi verificado em Roraima, onde 56,4% das casas regulares têm o serviço adequado, contra 1,8% das habitações em favelas. 

Roraima também se destaca em recolhimento inadequado de lixo, onde somente 31,5% têm o serviço nas favelas e assentamentos, contra 98,4% do restante do estado. As regiões metropolitanas concentram quase 90% dos conjuntos habitacionais do país. Em Belém, 53,9% dos moradores estão nas áreas de invasão. Salvador vem em segundo lugar, no ranking das regiões metropolitanas, com quase 27%. São Luís (24,5%), Recife (23,2%) e Baixada Santista (17,9%) também apresentam proporções altas. No DF e no Entorno, considerando uma população total de 3,7 milhões, 3,7% estão morando em áreas irregulares. 

PopulismoPara Frederico Flósculo, professor da Faculdade de Urbanismo da Universidade de Brasília, o DF nasceu “vocacionado” para as ocupações irregulares, por atrair, desde o surgimento, pessoas humildes em busca de melhores condições de vida. Aliado a isso, destaca, há um incentivo dos governantes. “Assistimos, ao longo do tempo, os governos populistas estimulando a ocupação como forma de fazer currais eleitorais. Sem contar a existência de uma conivência com os grileiros, que fazem parte do jogo político da cidade”, afirma o professor. Ele lembra que o Sol Nascente começou na década de 1990, com grilagem. “Agora aquela região virou um faroeste”, diz. 

Segurança é exatamente o que preocupa João Macelino de Morais, morador do local há quatro anos, depois de se desfazer de uma casa em Ceilândia, quando o casamento terminou. Com o dinheiro da partilha, ele conseguiu comprar uma moradia rebocada no Sol Nascente. Desde então, peleja para fazer melhorias por conta própria. “Paguei um carroceiro para tapar esses buracos, mas já está tudo aberto de novo”, diz, mostrando a rua onde mora. A polícia é outro problema. “A gente vai no posto, mas nunca tem viatura.”

Fonte: Correio Braziliense-DF

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