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20 outubro 2012

Proibido hormônios contra envelhecimento


Resolução do Conselho Federal de Medicina proíbe médicos de prescreverem hormônios indiscriminadamente
CAMILA CECÍLIO
Em 20/10/2012, 03:50

Há cerca de cinco meses a vida da pecuarista Cristiane Teixeira de Vasconcelos ficou melhor. Aos 47 anos, ela abandonou o vício pelo cigarro e começou a praticar exercícios físicos todos os dias. O tabagismo, presente na vida dela havia 20 anos, fez com que os traços do envelhecimento chegassem antes da hora. Para driblar as marcas do tempo de forma natural, Cristiane optou por levar uma vida mais saudável. No entanto, nem todos os brasileiros escolhem esse caminho. Por isso, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou ontem, no Diário Oficial da União, a resolução 1.999/2012, que proíbe o uso de hormônios com o objetivo de retardar ou prevenir o processo de envelhecimento. 
O documento argumenta que “a falta de evidências científicas de benefícios e os riscos e malefícios que trazem à saúde não permitem o uso de terapias hormonais”, com as finalidades de comprometer o envelhecimento natural. A medida foi adotada após avaliação e revisão de estudos científicos sobre a temática. De acordo com a resolução, está permitida a reposição de deficiências hormonais e de outros elementos somente em casos verdadeiramente necessários. Do contrário, a prescrição dos hormônios bioidênticos para esse tipo de tratamento e o uso de ácido etilenodiaminotetracético (EDTA), procaína, vitaminas e antioxidantes, está proibido.
Para a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), a medida é positiva. A entidade informou, em nota, que a iniciativa proporcionará mais segurança à população, de forma que a proibição visa impedir danos à saúde, como aumento da toxicidade no organismo e até mesmo casos de câncer. A presidente da SBGG Seção Goiás, Isadora Crosara, concorda com o posicionamento e apoia a ação do Conselho Federal de Medicina.
A geriatra reforça que as terapias hormonais, quando em casos de deficiência, são recomendáveis. No entanto, a prescrição indiscriminada, quando não há critérios e nenhum benefício para o paciente, deve ser proibida. “Os hormônios devem ser repostos quando está em falta no organismo e essa ausência represente prejuízos para a saúde daquele indivíduo”, ressalta a médica, que alerta: “Qualquer medicação usada de forma indevida pode ter sérias consequências”.
Um dos maiores problemas relacionados ao uso de hormônio é que a prática caiu no modismo, segundo Isadora. Fato preocupante, já que os danos podem ser fatais. “Além do aumento da incidência de câncer, o paciente que não toma os hormônios da forma correta pode ter doenças cardiovasculares, conforme o que foi consumido”, afirma. O excesso do estrogênio e da progesterona, por exemplo, podem fazer crescer as chances de um câncer. “O que nós queremos que fique claro para as pessoas é que não existe nada que pare o envelhecimento, essa é a ideia que defendemos”, pontua.
Mesmo cientes dos riscos, há pessoas que insistem no tratamento com os hormônios que prometem retardar o envelhecimento. A profissional acredita que isso ainda ocorra devido ao ritmo de vida acelerado que boa parte da população vive. “Hoje em dia, como nossa rotina é muito corrida, procuramos a pílula milagrosa. Não apenas para o envelhecimento, mas para tudo, como emagrecer, por exemplo. Nosso jeito de viver nos leva a dependência de meios mais rápidos para conseguir esses resultados tão esperados. Em outras palavras, sem esforços”, ressalta.
Punição
A resolução prevê, ainda, que os médicos que descumprirem as regras poderão ser penalizados. As punições variam de advertência a cassação do registro profissional. Já para os pacientes que fazem o tratamento hormonal sem apresentar nenhuma deficiência, a recomendação é para que reveja a situação. “Temos que nos lembrar que nós produzimos esses hormônios. É preciso buscar orientações para que não seja pago um preço maior num futuro próximo e se perguntar se o uso do medicamento é, de fato, preciso”, salienta Isadora Crosara. “Não é incomum vermos pessoas de 100 anos dentro dos consultórios e eles nunca tomaram hormônios nem nada do tipo”, completa.
Alimentação e exercícios físicos são o ideal

Por mais que a ciência tente, cada vez mais, encontrar caminhos possíveis para uma vida mais longa e ativa, a melhor alternativa para assegurar o envelhecimento saudável ainda são os hábitos simples. O geriatra Clovis Cechinel, da Atalaia Medicina Diagnóstica, garante que uma boa alimentação e a prática de atividades físicas são ideais para alcançar o objetivo. “Fazendo isso, a probabilidade de um envelhecer com saúde é maior”, observa o especialista.
Para a pecuarista Cristiane, mesmo com a proposta de desacelerar o envelhecimento seja atrativa, a melhor opção é mesmo correr e apostar na boa alimentação. “Se os hormônios não fazem bem e não trazem benefícios para quem só quer retardar a velhice, seu uso deve ser proibido mesmo”, comenta. A presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) Seção Goiás, Isadora Crosara, vai além às recomendações médicas. “As pessoas devem procurar viver bem e felizes. Não adianta viver por tantos anos e não ser feliz”.

Fonte: Jornal O Hoje de Goiânia-GO
Folha de Goiás

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