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06 abril 2013

Polícia quer desarmar moradores de rua




GOIÂNIA-GO
Além da tentativa de pacificação, a operação ainda pretende informar indigentes sobre o perigo do uso de entorpecentes
ANGÉLICA QUEIROZ / CEJANE PUPULIN
Em 06/04/2013, 01:08
Desde o dia 12 de agosto do ano passando – quando um jovem morador de rua foi morto a tiros no Centro da capital –, população, autoridades e, principalmente, moradores de rua, estão apreensivos. A violência não para. Pelo menos outros 24 moradores de rua foram assassinados até ontem. Nesta semana, mais dois casos foram registrados – na segunda-feira, um homem foi esfaqueado após discutir com um usuário de drogas da região na Praça do Trabalhador e na quarta-feira outro morador foi morto em frente à Câmara Municipal, no Setor Norte Ferroviário. Em mais uma ação para tentar conter essa onda de mortes, a Polícia Militar (PM), em parceria com a Polícia Civil, está abordando os moradores de rua com o objetivo de desarmá-los.
Segundo o comandante do 1º Batalhão, major Eldecírio da Silva, a operação não quer constranger ou retirar as pessoas de situação de rua, mas verificar se estão de posse de arma de fogo ou drogas, além de conscientizá-los da situação de riscos em que vivem. A operação se concentra nos setores Coimbra, Oeste e partes do Setor Sul. Para a PM, já está provado que não existem grupos de extermínio de moradores de ruas. A Delegacia de Homicídios é a responsável por investigar os ataques a indigentes na capital. Até ontem, 11 pessoas haviam sido presas.
Crimes
Grande parte dos moradores de rua mortos em Goiânia foi executada a facadas. Armas de fogo, pedras e pedaços de pau também estão entre os materiais mais utilizados pelos assassinos. A aposta da operação é desarmá-los, já que esse tipo de homicídio, muitas vezes, é praticado por próprios colegas das vítimas, que também vivem nas ruas. Principal motivo: brigas por tráfico de drogas – seja consumo ou revenda.
Eldecírio destaca que os indivíduos conhecidos da polícia, com passagens por furtos, roubos e tráfico, são os principais alvos da operação. “Nossa intenção não é abordar mendigos ou bêbados, mas, sim, os usuários de drogas. É apenas um serviço da polícia e não social”, explica o major. “Vamos desestimulá-los de andar armados. E mostrar o perigo do envolvimento com entorpecentes”, emenda. De acordo com o comandante, durante a operação também serão feitas buscas em possíveis locais que sirvam para esconder objetos roubados, como bueiros e pontes.
Região central é a mais crítica da capital
A última morte se deu à luz do dia em frente à Câmara Municipal. A vítima, identificada como Canela, tinha aproximadamente 30 anos e várias marcas de facadas nas costas e de pauladas na cabeça. A polícia acredita que Canela teria se desentendido com um grupo de moradores de rua que usava crack na calçada da Câmara e foi atacado por três homens. Um deles, identificado como Fernando, foi preso em flagrante.
Em janeiro, a Polícia Civil realizou um mapeamento nos pontos considerados críticos na capital.De acordo com o levantamento, a maioria dos crimes acontece no Centro, seguido de Campinas e Setor Leste Universitário. Entre as vítimas, a maior parte são homens e jovens. A possibilidade da existência de um grupo de extermínio e a ligação de policiais com os crimes chegou a ser investigada. A conclusão, no entanto, foi a de que as mortes não têm relação entre si, embora em alguns dos crimes tenha sido confirmada a participação de PMs. Para a Polícia Civil, os crimes não têm muitas semelhanças, a não ser o fato de todos serem moradores de rua e a motivação comum: de forma direta ou indireta, uso ou tráfico de drogas.
Delegacia de Homicídios e Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc) chegaram a realizar operações conjuntas para tentar coibir o tráfico e, consequentemente, diminuir as mortes. A estimativa, de acordo com dados da Pastoral da Igreja Católica, é que existam em Goiânia 900 moradores de rua, mais de 70% nas ruas do Centro da capital. Em reportagem publicada em 1º de dezembro, O HOJE foi às ruas ouvir os moradores que contaram estar em pânico com as mortes. Na ocasião um deles chegou a afirmar que, além das drogas, outro motivo para as execuções seria preconceito.

FONTE; O HOJE DE GOIÃNIA-GO

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