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17 outubro 2011

Denúncia de propina põe em risco a permanência de ministro do Esporte


Brasil
estadao.com.br, Atualizado: 17/10/2011 3:03

BRASÍLIA - A denúncia de que teria recebido dinheiro de propina na garagem do Ministério do Esporte aumentou a situação de fragilidade do titular da pasta, Orlando Silva (PC do B). Já envolvido em denúncias anteriores de desvios no Programa Segundo Tempo, carro-chefe da pasta, Orlando era visto como alvo da reforma ministerial que a presidente Dilma Rousseff pretende fazer em janeiro de 2012. Agora, poderá deixar a função antes deste prazo caso venham à tona novas acusações ou não consiga demonstrar inocência nos esclarecimento que prestará ao Congresso nesta semana.
O policial militar João Dias Ferreira, ex-militante do PC do B, reiterou ontem a denúncia feita à revista Veja e proferiu novos ataques ao ministro. Em seu blog pessoal, Ferreira chamou o ministro de 'bandido' e disse que apresentará às autoridades provas do esquema de corrupção no programa Segundo Tempo. 'Bandido é você e sua quadrilha que faz e refaz qualquer processo do ministério de acordo com sua conveniência', disse, retrucando Orlando Silva, que usou o mesmo termo contra ele para desqualificar a denúncia.
O militar comanda a Associação João Dias de Kung Fu e é presidente da Federação Brasiliense da modalidade. As duas entidades firmaram convênios com o Ministério do Esporte. Segundo Dias, o esquema existe desde a gestão de Agnelo Queiroz, atual governador do Distrito Federal, quando Orlando respondia pela secretária executiva do ministério.
Em entrevista ao Estado ontem, o ministro rebateu novamente as acusações e desafiou João Dias a apresentar documentos que o incriminem. 'Este farsante não tem e não terá nenhuma prova porque está mentindo'. Orlando não quis comentar os ataques publicados na internet pelo policial. 'Não vou me rebaixar a uma pessoa deste nível. O diálogo com este marginal só pode ser feito no Judiciário.'
Dilma. O Planalto evita fazer julgamentos antecipados sobre a situação de Orlando Silva, mas acompanha os desdobramentos da denúncia. O Estado apurou que causou profundo incômodo à presidente Dilma Rousseff o fato de a denúncia ter sido feita por um ex-correligionário do ministro e beneficiário direto de convênios com o governo.
O ministro afirmou estar confortável para permanecer no cargo, mas ressaltou que a decisão cabe à presidente. Destacou que, devido à realização de grandes eventos como a Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016, a pasta que ocupa passou a ter mais importância, tornando-se, assim, alvo de disputas na Esplanada. 'Sei que tem um jogo político e que o ministério onde atuo aumentou a cobiça.'
Ele reiterou sua disposição de ir ao Congresso prestar esclarecimentos. O líder do PC do B na Câmara, Osmar Júnior (PI), vai apresentar hoje um requerimento. A audiência, que deve ser conjunta nas comissões de Fiscalização Financeira e Controle e Turismo e Desporto deve acontecer ainda nesta semana.
Mira. Outro integrante da cúpula do ministério foi envolvido no caso por João Dias ontem. Em seu blog, o policial afirmou que, por ordem de Orlando Silva, o secretário nacional de Esporte de Alto Rendimento do ministério, Ricardo Leyser, teria tentado localizá-lo na sexta-feira. 'O que ele queria comigo? Fazer mais um daqueles acordos não cumpridos?', provocou Dias.
Leyser negou qualquer tentativa de contato, pessoal ou por telefone.
'Como, se estou em Guadalajara desde quarta-feira? Estou acompanhando os jogos Pan- Americanos. Pode verificar se tem alguma ligação dos nossos celulares aqui, não vai ter, se tem ligação no hotel, não vai ter', afirmou o secretário ao Estado. 'Como eu o procurei? Por teletransporte?', ironizou.
O secretário questionou ainda a acusação feita pelo policial de que o ministro teria recebido propina na garagem do ministério. 'Não parece uma coisa razoavelmente plausível de acontecer, nem no Ministério do Esporte, nem outro ministério. A garagem tem gente, tem movimento, tem segurança, tem câmera. Se um ministro ou secretário executivo desce, todo mundo conhece, não tem a menor possibilidade de acontecer isso', disse.
Desempenho. Na visão de aliados, a situação do ministro depende muito do seu desempenho perante os parlamentares. 'Temos que aguardar a audiência, mas ele fez bem em se oferecer para ir à Câmara, mostra que ele está disposto a esclarecer', disse o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN). 'Ele tomou uma posição firme, deu uma resposta positiva, pediu à Polícia Federal para investigar e vai ao Congresso nesta semana. Acho que é uma postura positiva porque ele não se escondeu.'
O presidente do PC do B, Renato Rabelo, atribui os ataques de João Dias a uma 'tentativa intimidatória contra o partido'. Afirmou que o partido não interfere na rotina da pasta, mas ressaltou a confiança em Orlando Silva. O presidente do diretório do partido no DF, Augusto Madeira, disse que João Dias não é militante, apesar de ter se candidato a deputado distrital em 2006.

folha 9;40

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