Goiânia-GO -

00:00:00

COMPARTILHE EM SUAS REDES SOCIAIS!

14 dezembro 2011

PM que delatou propina no Esporte foi ameaçado

Brasil
Por VANNILDO MENDES / BRASÍLIA, estadao.com.br, Atualizado: 14/12/2011 3:0

Preso na semana passada por invadir o Palácio do Buriti, agredir servidores e jogar na antessala do gabinete de um secretário R$ 159 mil que disse terem deixado na sua casa como suborno para silenciar em denúncias contra o governador Agnelo Queiroz (PT), o policial João Dias foi pressionado por um oficial da Corregedoria da PM a desistir de levar o caso adiante. 'Quer relatar, relata, mas você está colocando o pé na cova', advertiu o major Neilton Barbosa, que comandava o interrogatório.
Delator do esquema de cobrança de propina que derrubou o ministro do Esporte, Orlando Silva, Dias disse no interrogatório ter recebido R$ 250 mil em mãos do chefe do Gabinete Militar do DF, coronel Rogério Leão, para subornar o lobista Daniel Tavares, que teria provas de que Agnelo recebia propina para liberar medicamentos quando foi diretor da Agência de Vigilância Sanitária, de 2007 a 2010.
O lobista chegou a divulgar um recibo de depósito de R$ 5 mil na conta de Agnelo como parte de uma propina. Depois, recuou e inocentou o governador. Dias disse que o arrependimento foi comprado. 'Quem deu o dinheiro na minha casa para mim foi o coronel Leão. Eu paguei o Daniel para ficar quieto, e o Daniel fez esse documento que é uma espécie de nada-consta', afirmou.
O áudio do depoimento à corregedoria, ao qual o Estado teve acesso, dura 25 minutos. Dias insinuou ter gravado a entrega do dinheiro do suborno. 'Tenho 22 câmeras na minha casa, está tudo filmado.' Nesse momento, o oficial começa a tentativa de persuasão para que ele desistisse da denúncia. 'Os políticos passam, mas você fica e a instituição é perene. Com essa denúncia, você é réu confesso de corrupção ativa e passiva', lembrou Barbosa. Mais adiante, alertou que Dias é até 'passível de prisão'. A seguir, o major detalhou os benefícios do silêncio. 'Você só será processado por lesão corporal, tipificada no regulamento militar com uma pena levíssima.'
A defesa de Dias não sabe quem gravou o depoimento e pediu ao Ministério Público Militar que mande periciar o áudio. 'O fato é que meu cliente foi pressionado a não prestar depoimento comprometedor', disse o advogado André Cardoso.
O coronel Leão negou a denúncia pela assessoria. Agnelo não quis se manifestar. O comando da PM informou que determinou o afastamento imediato do major e decidiu instaurar inquérito e encaminhar o áudio para perícia.
Folha: 10:24

Nenhum comentário:

Postar um comentário