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29 outubro 2011

Atraso da Cidade Digital faz com que DF deixe de movimentar R$ 5 bi por ano


Brasília-DF
Diego Amorim
Publicação: 29/10/2011 08:00 Atualização:
A economia do Distrito Federal deixa de movimentar pelo menos R$ 5 bilhões por ano sem o Parque Tecnológico Cidade Digital efetivamente implantado. Burocracia, especulação imobiliária, questões fundiárias e brigas políticas fizeram o projeto completar 12 anos sem sair do papel. A indústria de tecnologia da informação (TI) calcula que, com o polo concretizado, o faturamento do setor dobrará. Alguns representantes apostam em três vezes mais recursos.

Três governos prometeram inaugurar a Cidade Digital. Vários lançamentos de pedras fundamentais encheram o setor de esperança, mas não passaram de eventos simbólicos. Desde 1999, quando a ideia nasceu, a condução do projeto engatinha. Assim, a capital do país perde investimentos bilionários e abre mão de 20 mil empregos diretos e outros 60 mil indiretos. A dois meses do fim do ano, a atual gestão ainda espera lançar o edital do principal lote em 2011.
A construção do datacenter Banco do Brasil-Caixa Econômica Federal: única obra em andamento na área de 123 hectares destinada ao Polo Tecnológico de Brasília (Gustavo Moreno/CB/D.A Press)
A construção do datacenter Banco do Brasil-Caixa Econômica Federal: única obra em andamento na área de 123 hectares destinada ao Polo Tecnológico de Brasília

Investidores interessados no Parque Tecnológico de Brasília não faltam. As confusões envolvendo a posse de terra na região estão devidamente resolvidas, com legislação aprovada. Os esboços foram discutidos e analisados. Mas, por enquanto, somente as obras do datacenter do Banco do Brasil e da Caixa Econômica começaram. “Virou conto da carochinha”, diz André Terra, um dos sócios da Intacto, empresa brasiliense premiada na Europa e nos Estados Unidos.

Entre empresários do ramo de tecnologia, a Cidade Digital virou motivo de piada. Há até quem duvide de que um dia ela se tornará realidade. “Falta interesse por parte de quem pode fazer a coisa acontecer. O setor está aqui e, para nós, o projeto é um sonho”, comenta Terra. O Correio mostrou ontem a força da indústria de TI em Brasília, cuja participação no Produto Interno Bruto (PIB) local já se igualou ao da construção civil e cresce a cada ano.

As vantagens do polo tecnológico são indiscutíveis e ninguém as contesta. A demora no andamento do projeto, porém, freia o desenvolvimento do setor. “Na última década, muitos escolheram outros lugares em detrimento de Brasília para se expandir. Investimento é como água: flui pelo caminho de menor resistência”, afirma o diretor de Assuntos Governamentais da Cisco Systems do Brasil, Giuseppe Marrara. A multinacional tem escritório na cidade, mas aposta no parque para ampliar os serviços.

O registro em cartório da área de 123 hectares próxima à Granja do Torto completou dois anos esta semana. Na época, era o último obstáculo à criação do Cidade Digital. “Não sei por que está demorando tanto. Tudo o que setor podia fazer já foi feito”, afirma o presidente da Federação das Indústrias do DF (Fibra), Antônio Rocha. “Não podemos mais ficar esperando”, emenda o presidente do Sindicato das Indústrias da Informação e Comunicação do DF (Sinfor-DF), Jeovani Salomão.

Enquanto a licitação do lote que abrigará cerca de 2 mil empresas não ganha as ruas, a construção do datacenter BB-Caixa avança sozinha em meio ao descampado onde ainda é possível encontrar placas do governo anterior. O prédio deve ficar pronto em junho de 2012. “Quanto mais rápido o projeto for tocado, melhor para o mercado e para Brasília”, reforça o presidente do consórcio responsável pelo centro de inteligência dos bancos, Jesualdo Conceição da Silva.

Idealizador da Cidade Digital, o secretário de Ciência e Tecnologia do DF nas gestões de Joaquim Roriz e José Roberto Arruda, Izalci Lucas, diz que faltou vontade política para tirar o projeto das pranchetas. “Quando você tem gente no governo que não quer que as coisas aconteçam ou tem outros interesses, a coisa não sai mesmo”, ataca. Na avaliação dele, o modelo acabou sendo desvirtuado e a especulação imobiliária poderá estragar a ideia original.

FOLHA 19:56
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE-DF

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