Wesley Costa/Ass. Gov.
Marconi  apontou os problemas financeiros da Celg como um dos gargalos do Estado
Marconi apontou os problemas financeiros da Celg como um dos gargalos do Estado
Sem sucesso nas tentativas de acordo com a Eletrobras, o governo estadual começa a acusar interferência política nas negociações para equilibrar as contas da Celg. Em balanço dos seis meses de gestão, na manhã de ontem, o governador Marconi Perillo (PSDB) apontou os problemas financeiros da companhia como um dos gargalos do Estado e cobrou "boa vontade efetiva" do governo federal.

O último contato da Eletrobras com o governo goiano foi no dia 14 de junho, quando o presidente da Celg, José Eliton, deu por encerrada a fase técnica de negociações e se disse otimista com o desfecho. Depois disso, silêncio. E a estatal federal havia prometido uma contraproposta em até uma semana. Mas não retomaram contatos.

"Conversei com muita gente na Eletrobras e no Ministério de Minas e Energia. Percebo boa vontade. Mas muitas vezes, por trás de uma boa vontade, há uma determinação de que as coisas não andem. Eu não tenho prova de nada, não posso acusar ninguém, tenho sido bem tratado pelo governo federal. Mas acho que esse assunto já deveria ter sido resolvido há mais tempo", disse o governador, em entrevista coletiva, depois de apontar questões políticas como entrave na negociação e afirmar que "a bola está com a União desde janeiro".

O governador citou números dos primeiros seis meses da gestão da companhia para garantir que a Celg "faz seu dever de casa" e é viável. Ele citou a redução em dívida contraída este ano em relação ao mesmo período de 2010 - R$ 20 milhões contra R$ 150 milhões - e o pagamento de 66%, em média, do ICMS.

"Se o problema não foi resolvido não foi por questões técnicas", disse Marconi.

Eliton disse ao POPULAR que estranha a mudança de postura da Eletrobras e destaca o acordo que estava em discussão no ano passado pelo governo anterior. "É uma questão que a sociedade goiana precisa refletir. Por que há seis meses o governo federal estava disposto a emprestar quase R$ 4 bilhões, em condições pouco favoráveis à União, e agora resiste a um acordo que não prevê nem um centavo de aporte do governo federal?", questiona.

O presidente da Celg afirma que as discussões técnicas tinham andamento "altamente positivo" e que, de repente, há sinalização "pouco animadora". "Está parecendo que estão colocando questões políticas acima dos interesses do Estado, da sociedade, e até do setor elétrico brasileiro."

Marconi disse que continua a estudar outras alternativas para resolver as pendências da Celg, que acumula dívidas de quase R$ 7 bilhões. Mas o governo admite ser inviável uma negociação com a iniciativa privada sem que haja solução para o passivo da companhia, cuja maior parte envolve a Eletrobras.

Segundo Eliton, o governador mantém a determinação de não negociar privatização da empresa. "Isso não é cogitado, mesmo diante dessas dificuldades", garante.

No ano passado, Marconi atuou fortemente contra o acordo firmado entre governo federal e o ex-governador Alcides Rodrigues (PP), que previa empréstimo de R$ 3,7 bilhões para a Celg, repassado em três parcelas - duas já na gestão tucana. O governador ameaçou não cumprir o acordo com a Caixa Econômica.

Marconi também afirmou à época que tinha um "plano B" para a Celg e que encontraria solução rápida para os problemas financeiros.

No início do ano, o tucano apresentou ao governo federal a proposta de empréstimo de R$ 2,7 bilhões, mas houve resistência, sempre sob argumento de que Marconi havia atuado contra o acordo. O governo estadual refez a proposta e assinou protocolo de intenções com o Banco Credit Suisse, descartando a necessidade do empréstimo do governo federal, mas ainda assim não houve maiores avanços.

Desafios

Além da Celg, Marconi apresentou como desafios do governo o cumprimento das metas fiscais, o equilíbrio financeiro e a questão da Iquego. Cinco das seis metas não foram cumpridas pelo governo anterior, o que impede o Estado de contrair empréstimos.

O governador disse que o déficit em 2011 deve ser bem menor que o previsto por sua equipe no início do ano - R$ 1,5 bilhão. Segundo ele, a venda da folha vai garantir recursos para regularizar os salários este mês, com pagamento no mês trabalhado. Marconi apresentou resumo de ações em todas as pastas e disse que priorizou planos que visam ao cumprimento das principais promessas de campanha.