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31 julho 2011

Caro, arcaico e ineficiente. Eis o retrato fiel do Metrô do DF

Brasilia-DF
Com 20 dos 32 trens comprados em 1994 e um projeto de 1991, Metrô não atende satisfatoriamente às necessidades dos usuários. Problemas nas linhas são constantes, mas a promessa é de que um novo sotware melhore a situação a partir de 2012


Publicação: 31/07/2011 08:00 Atualização:

Sistema de controle adquirido em 2009: a partir do segundo semestre de 2012, regulagem do intervalo entre os trens será automatizada (Fotos: Bruno Peres/CB/D.A Press)
Sistema de controle adquirido em 2009: a partir do segundo semestre de 2012, regulagem do intervalo entre os trens será automatizada

O tempo de uso do sistema de controle e da maioria dos trens da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô -DF) tem colaborado para os constantes problemas operacionais, como as reduções de velocidade em horário de pico ocorridas nas duas últimas semanas (veja memória). Além de contar com uma tecnologia ultrapassada que atrasa as viagens, os usuários reclamam da falta segurança nas estações e de conforto para quem disputa um lugar nos vagões. Especialistas ouvidos pelo Correio ainda alertam que a falta de integração com os ônibus faz do metrô apenas mais uma parte capenga do transporte público da capital federal.

O diretor de Operação e Manutenção do Metrô, Fernando Sollero, admite que 20 dos 32 trens da frota são antigos e faltam peças no mercado para atender a algumas necessidades de manutenção. Entretanto, Sollero garante que todos os reparos são feitos e os requisitos de segurança, respeitados. “Eles só andam quando estão funcionando perfeitamente. Todas as noites também são feitas manutenções nos trilhos e nos trens”, afirmou.

Segundo o diretor de Operação e Manutenção, o projeto de construção do Metrô é de 1991 e os equipamentos foram comprados em 1994. Ele também explicou que um novo sistema de controle para operação foi adquirido em 2009 para modernizar a tecnologia usada na empresa, além de 12 novos trens. “A regulagem do intervalo entre um trem e outro é feita por um técnico. Por meio do painel de controle, ele pode solicitar ao piloto o aumento ou a redução das velocidades para que as distâncias sejam adequadas. Com o novo software, todo processo será feito eletronicamente”, explicou.

De acordo com Sollero, três trens antigos já estão adaptados para o novo sistema e a expectativa é de que tudo esteja em funcionamento no segundo semestre de 2012. “Existe um grupo de trabalho fazendo todas as adequações, mas isso leva tempo. Fazemos vários testes para garantir a segurança do usuário”, detalhou. O Metrô também publicou edital de licitação a fim de desenvolver o projeto básico da modernização do sistema de sinalização eletrônica dos trilhos com a central de controle e para expandir o número de estações existentes. A previsão é de uma na Asa Norte, além de outras duas em Samambaia e mais duas em Ceilândia.

Na avaliação Artur Morais, pesquisador de transportes da Universidade de Brasília, o Metrô precisa passar por uma renovação tecnológica. Além disso, Morais destaca que a falta de integração com os ônibus é um problema para o transporte público do DF. “O desenho do Metrô não privilegia os locais com grande concentração de pessoas. Fora da integração, é apenas uma ferrovia. A mentalidade de quem pensou no projeto foi de pegar as pessoas de outras regiões administrativas e jogar no Plano Piloto. Faltam estações, por exemplo, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) e na W3”, opinou.

Tormento

O calvário da população que usa Metrô não deve ter fim até que as mudanças sejam feitas. Enquanto isso, usuários como o instrutor de informática Edgard da Silva Serafim, 21 anos, são atormentados com problemas de atrasos e interrupção de operações. Serafim mora em Ceilândia, trabalha no Guará e diariamente usa os trens. Na última quinta-feira, ele sofreu com a falha na operação do sistema que fez com que a velocidade fosse diminuída para 20 Km/h (veja memória). “Saio de casa pensando que pode acontecer algum problema. Pagamos impostos para isso não ocorrer, mas parece que faltam investimentos e manutenção nos equipamentos. Também falta segurança nas estações e os vagões estão sempre lotados”, disparou.

A vendedora Kelly Renata, 32 anos, também usa o sistema metroviário durante a semana para chegar à loja na qual trabalha em um shopping do Plano Piloto. Moradora de Samambaia, Kelly reclamou que na volta para casa não há segurança na última estação da linha verde. Ela disse que é comum encontrar usuários de drogas perto do local. “O desconforto para esperar os trens também é grande. Faltam assentos e as pessoas sempre têm que esperar em pé”, completou.

O professor universitário Francisco Prada, 39 anos, mora em Águas Claras e todos os dias usa o metrô para trabalhar. Como não existe integração com os ônibus, leva a bicicleta para percorrer a distância entre a estação e a faculdade em que leciona. “Usar a bicicleta é mais rápido que esperar um ônibus.”

Atraso bilionário
A construção do metrô começou em 1992, com a promessa de a primeira viagem ocorrer dois anos depois. Mas a operação teve início somente em 2001, de forma precária. Desde então, a empreitada consumiu mais de R$ 2 bilhões dos cofres públicos, sem previsão de ser entregue à população conforme o projeto original. Das 29 estações planejadas para a Linha 1, composta pelas linhas verde (Ceilândia) e laranja (Samambaia), 24 estão em funcionamento. Nas outras cinco, não há previsão para o início das operações.
fonte: correio braziliense
f: 12:35

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