Fotos: Wildes Barbosa
Operário trabalha na reforma da montanha-russa
Operário trabalha na reforma da montanha-russa
Fotos: Wildes Barbosa
 Outros brinquedos do Mutirama que estão sendo reparados
Outros brinquedos do Mutirama que estão sendo reparados
Suspeitas de irregularidade em processos licitatórios de compra e recuperação de brinquedos geram novo desgaste para a Prefeitura de Goiânia nas obras de revitalização do Mutirama, iniciadas há pouco mais de três meses, com orçamento total de até R$ 80 milhões. Desta vez, as denúncias recaem sobre a compra de brinquedos usados para equipar o parque. O edital estabelecia que brinquedos velhos ou usados seriam aceitos somente por alguma eventualidade e indisponibilidade. No entanto, oito deles foram adquiridos de segunda-mão pela Prefeitura.

Conforme o edital, caso fosse inviável a aquisição do equipamento sem uso, ele seria recebido somente se fosse revisado, reformado, em absoluta conformidade nos quesitos de segurança, funcionamento e aparência impecável. De acordo com a denúncia feita pelo vereador Elias Vaz, uma montanha-russa comprada na licitação, chamada Super Jet, estaria em funcionamento desde 1973. O brinquedo já teria passado pelos parques PlayCenter, onde teria ficado por maior tempo, e pelo Millenium Parque, ambos de São Paulo. A montanha-russa foi vendida para a Prefeitura por R$ 2,669 milhões.

Uma montanha-russa idêntica à comprada pela Prefeitura é encontrada a venda por 175 mil dólares em um site especializado, mostrou o presidente do Clube Brasileiro de Montanhas-Russas, Lucaz Ferraz Castagna. De acordo com ele, o valor convertido e somados todos os impostos daria cerca de R$ 500 mil, cinco vezes menos que o preço pago pela Prefeitura. Lucaz sustenta que se o valor de R$ 2,6 milhões incluir a reforma, com troca do sistema elétrico e hidráulico, dos freios, reforma dos trens e troca dos sensores de posição ao longo do trilho, é possível que o preço chegue neste patamar. O secretário Municipal de Esportes e Lazer, Luiz Carlos Orro, afirmou que seria impossível reformar o Mutirama somente com novos brinquedos novos .

Outro aspecto da denúncia adiantada ontem pelo Giro do POPULAR refere-se à criação da Astri, empresa vencedora da licitação. Elias Vaz apresentou comprovante de inscrição da empresa no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), no qual consta que ela foi aberta um mês depois de realizada a cotação de preços por parte da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (Semel).

A caução paga pela empresa também teria sido efetuada utilizando "títulos podres" da Eletrobras. O edital exige que a empresa vencedora apresente caução no valor de 3% do total contratado, que pode ser pago em dinheiro ou títulos da dívida pública. Segundo Elias Vaz, a empresa apresentou os títulos um dia antes da assinatura do contrato, no valor de R$ 868,2 mil. Porém, a Controladoria Geral do Município (CGM) emitiu parecer em 5 de novembro, alertando para a irregularidade da caução, pois "a Eletrobrás não reconhece dívida veiculada em inúmeras obrigações ao portador". Andrey Azeredo, controlador da CGM na época, não retornou à reportagem para explicar o fato de o parecer ter sigo ignorado. O vereador Djalma Araújo, líder do prefeito na Câmara Municipal, disse que o secretário e o prefeito, "não sabiam da denúncia".
FONTE: O POPULAR
FOLHA 10:25