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29 julho 2011

Dados mostram o aumento de denúncias de violência contra mulheres


Distrito Federal
Mara Puljiz
 (Daniel Ferreira/CB/D.A Press )
Publicação: 29/07/2011 07:29 Atualização: 29/07/2011 10:43
“Ele quebrou 13 dentes da minha boca e um dedo. Já matou cinco pessoas e disse que também vai me matar se me vir na rua”, contou Sabrina*, 27 anos. Durante oito anos, a mulher de belos olhos verdes enfrentou o drama de conviver com um homem violento. Do relacionamento nasceram três filhos, atualmente com 2, 3 e 5 anos. Mas o amor deu lugar ao ódio e ao medo. Hoje, Sabrina, além de não poder sorrir, não tem motivos para fazê-lo. O maior desejo dela é viver longe do ex-marido. “Ele não aceita a separação, mas eu quero uma vida nova. O que eu sinto agora por ele é só desprezo”, desabafou. Sabrina resolveu registrar ocorrência na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) após o ex-companheiro sacudir a filha mais nova de cabeça para baixo e ameaçar jogá-la contra a parede. O criminoso ainda chegou a dar um soco no filho mais velho.

A 10 dias de a Lei nº 11.340, mais conhecida como Lei Maria da Penha, completar cinco anos, o Correio mostra a realidade das mulheres agredidas na capital do país. Dados estatísticos divulgados pela Polícia Civil a pedido da equipe de reportagem revelam que as vítimas estão cada vez mais dispostas a sair do ciclo de violência e punir o marido ou companheiro agressor. De 2007 até o mês passado, as delegacias do DF registraram 34.749 ocorrências de violência doméstica. No primeiro ano de aplicação da lei, porém, foram apenas 879 casos registrados, ou seja, duas vítimas procuraram ajuda nas unidades policiais por dia. Em 2010, 11.004 mulheres foram à delegacia, o equivalente a 30 diariamente. Um aumento de 1.252%. Hoje, a média é de 32 denúncias diárias.Assim como Sabrina, outras 1.131mulheres se encorajaram para denunciar o companheiro e tiveram inquérito instaurado pela Deam no primeiro semestre deste ano. No mesmo período do ano passado, foram 1.303 casos de Lei Maria da Penha. A cada dia na unidade policial, a média é de pelo menos seis mulheres vítimas de violência doméstica. Em relação ao número de ocorrências — engloba violência doméstica e também furtos, extravios e Termos Circunstanciados —, a unidade especializada manteve a média de registros, com 1.721 casos de janeiro a julho de 2010, contra 1.679 este ano.Disque 180A quantidade de queixas é ainda maior por telefone. Com medo de se exporem, as mulheres têm utilizado a Central de Atendimento à Mulher, pelo Disque 180, para relatar a violência sofrida. No primeiro semestre de 2010, foram mais de sete mil ligações no Distrito Federal. Dessas, 1.333 eram para denunciar violência doméstica; 707, agressões físicas; 393, violência psicológica; 199, violência moral; 12, patrimonial; e oito denúncias de crime sexual (veja arte). O índice é de uma ligação a cada hora. Entre as vítimas pesquisadas, mais de três mil têm entre 25 e 49 anos, sendo que 665 vítimas eram casadas com o agressor e 200 eram ex-namoradas ou ex-companheiras. As demais tinham relacionamento não oficializado com o agressor. Os dados são do Fórum de Mulheres do Distrito Federal. Ainda conforme o levantamento, até o ano passado existiam cerca de sete mil processos em andamento e 35 mil arquivados referentes a violência doméstica.Para a delegada-chefe da Deam, Mônica Loureiro, no primeiro ano de aplicação da Lei Maria da Penha, era esperado que as mulheres ficassem receosas em denunciar por conta da possibilidade de o agressor ficar preso ou de a Justiça determinar que ele ficasse afastado do lar até o julgamento. Loureiro acredita que a dependência econômica em relação ao homem, as ameaças e os filhos contribuíram para que muitas vítimas não denunciassem. “Elas ainda demoram bastante tempo para tomar uma atitude e formalizar uma ocorrência. Antes de denunciarem, as vítimas fazem de tudo para manter o casamento ou a união formal, só que elas continuam no ciclo de violência e isso é perigoso”, alertou.Segundo a delegada, atualmente muitas mulheres já se sentem encorajadas a denunciar o marido, mas acabam desistindo do processo durante a primeira audiência, quando já estão diante do juiz. “Em 90% dos casos a mulher que sofre violência desiste na Justiça. É uma questão social, histórica e cultural. Além da polícia, a rede de proteção da mulher tem que ser ativada, com envolvimento da saúde, da assistência social e jurídica”, defendeu Mônica Loureiro.Memória7 de julho de 2011Cirlene Aparecida Ferreira, 42 anos, foi esfaqueada pelo marido em um barraco próximo ao viaduto da Candangolândia. A mulher foi atingida na altura da barriga e morreu antes da chegada do socorro. O crime teria sido motivado por um desentendimento entre o casal, segundo informações da 11ª DP (Núcleo Bandeirante), responsável pelas investigações.18 de fevereiro de 2010O policial civil Luciano André Barbosa, 40 anos, matou a mulher com três tiros e se suicidou, em Águas Claras. O crime ocorreu na Quadra 107, no 10º andar do Residencial Uberlândia. Monalisa Nascimento, 41, pediu a separação ao policial, mas ele não a teria aceitado. Eles eram casados há 12 anos, tinham dois filhos, além de uma enteada de Luciano, de 18. Vizinhos ligaram para o 190 e acionaram a Polícia Militar após os disparos. Quando os policiais chegaram, o casal já estava morto e as crianças, a salvo no apartamento vizinho.26 de junho de 2008O cabo do Corpo de Bombeiros Antônio Glauber Evaristo Melo foi condenado a 19 anos e seis meses de prisão pela morte da ex-namorada, a professora de inglês Josiene Azevedo de Carvalho. Glauber chamou Josiene para jantar e, por volta das 19h30, buscou a vítima na Quadra 7 da Octogonal. Após o encontro, os dois retornaram para a casa de Josiene. Ele parou o carro em frente ao bloco da professora e insistiu para que reatassem o namoro. Diante das recusas, o bombeiro, segundo a acusação, pegou um revólver e atirou na cabeça dela. Josiene morreu na hora.Assassinada pelo maridoA vendedora Iranilda Araújo Pereira registrou quatro ocorrências contra o marido na 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia). Aos 14 anos, ela sofreu a primeira agressão do então companheiro, o policial militar Carlos André Nunes Penha, hoje com 33. Na época, a jovem, que estava grávida de três meses, retirou a queixa dias depois. No último dia 19, a morte de Iranilda, aos 23 anos, completou um mês. Ela foi assassinada com quatro tiros no rosto disparados pelo ex-companheiro.O casal estava em uma festa e começou a brigar após a mulher tê-lo encontrado cheirando cocaína. Iranilda, então, disse que queria voltar para casa, mas, conforme depoimento das testemunhas, o soldado se irritou e deu um tapa na cara dela. Já na porta de casa, ele a matou e fugiu a pé. “A vontade da minha irmã era de trabalhar e dar tudo para as filhas. Eu não consigo guardar raiva dele. Prefiro que ele não consiga colocar a cabeça no travesseiro pelo resto da vida”, desabafou a irmã de Iranilda, Clara*, que precisou abandonar o emprego de operadora de caixa em um mercado para que as crianças não ficassem sozinhas. Iranilda deixou órfãs uma bebê de 7 meses e duas meninas, de 3 e 8 anos.O delegado plantonista da 19ª DP, Rogério Alencar, indiciou Carlos André por homicídio duplamente qualificado pelo motivo fútil e pela covardia, em razão da impossibilidade de defesa da vítima. Se condenado, ele pode pegar de 12 a 30 anos de prisão.

fonte: correio brazilinse
folha 10:5

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