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28 julho 2011

Em 12 meses, a renda dos assalariados brasilienses encolheu carca de 8,3%


Brasília-DF
Publicação: 28/07/2011 09:47 Atualização: 28/07/2011 09:50
Edson Mesquita é chef de cozinha, mas quer ingressar no setor público: "O anúncio de que os concursos vão demorar mais me estimulou a estudar"

O rendimento médio real dos brasilienses diminuiu em 12 meses, puxado principalmente pelo funcionalismo público e setor de serviços. Entre maio de 2010 e de 2011, o recuo foi de 8,3% no ganho dos assalariados do Distrito Federal, que passou de R$ 2.264 para R$ 2.075. A inflação elevada do período é apontada como um dos principais responsáveis pela redução. Especificamente na administração pública, o decréscimo foi de 7,8%, com recuo de R$ 5.027 para R$ 4.636. No segmento de serviços a queda foi de 3,6%, de R$ 1.186 para R$ 1.143.

A boa notícia é que a economia local teve fôlego para a criação de postos de trabalho, e a taxa de desemprego diminuiu. Em junho do ano passado, estava em 14%; no mesmo período deste ano, ficou em 12,7%. É o melhor resultado para um mês de junho desde 1992. Em números absolutos, o contingente de desocupados caiu de 197 mil para 178 mil pessoas. As informações, divulgadas ontem, fazem parte da Pesquisa Emprego e Desemprego no Distrito Federal (PED-DF) relativa ao mês de junho, divulgada ontem pela Companhia de Desenvolvimento do DF (Codeplan) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

O diretor de Gestão de Informações da Codeplan, Júlio Miragaya, explica que, além da inflação, a queda do ganho médio dos trabalhadores locais pode estar ligada à política de enxugamento de gastos públicos do atual governo e à substituição de ocupantes de cargos bem remunerados por funcionários de salários mais modestos. “Pode ter relação com a saída por aposentadoria daqueles que tinham salários melhores”, diz ele.

Miragaya destaca que, devido ao fato de o segmento de serviços ser historicamente dependente da demanda da administração pública no DF, o recuo do rendimento médio de seus trabalhadores pode estar associado aos salários menores do funcionalismo. Na indústria da transformação os rendimentos ficaram estáveis e no comércio cresceram 3,2%.

Concursos
Formado em educação física, Diego Luís Pereira de Oliveira, 27 anos, é um dos muitos moradores do DF que apostam as fichas na aprovação em concurso público, sonhando com a estabilidade de um emprego estatutário. Há três meses, ele estuda para o processo seletivo da Polícia Civil ou Polícia Federal. Nenhum dos dois teve o edital divulgado, mas a previsão é de que os salários ofertados sejam altos. Apesar de a presidente Dilma Rousseff ter mandado apertar os cintos no que diz respeito a concursos, o rapaz não desanima. “A questão salarial para o serviço público muda conforme a economia, mas não tem redução. Os valores continuam iguais ou aumentam”, comenta.

O chef de cozinha Edson Mesquita Lemos Júnior, 38 anos, que tentará uma vaga no concurso da Polícia Civil, acredita que, por mais que as contratações de funcionários bem remunerados sejam adiadas, elas terão que acontecer. “O governo terá que contratar e não há como baixar o salário previsto em lei para aquela função. O anúncio de que os concursos vão demorar mais me estimulou a estudar, pois terei mais tempo para a preparação”, diz.

O economista Roberto Piscitelli, professor da Universidade de Brasília (UnB), considerou surpreendente o recuo do rendimento médio dos servidores no DF. “A queda foi maior do que a inflação do período”, destacou. Ele chamou a atenção para o fato de o encolhimento da renda ir na contramão do nacional, o que reforça a hipótese de que o principal responsável é o funcionalismo público. Para o secretário de Trabalho, Glauco Rojas, é preciso reduzir a dependência da economia local da administração pública. “Brasília precisa optar por uma vocação no setor privado e investir nela”, disse.

 (Diego também aposta no serviço público e sonha com a estabilidade)


Oscilação
Enquanto no DF o rendimento médio real dos assalariados caiu em 12 meses, no conjunto das sete regiões metropolitanas que compõem a PED houve alta de 1,6% entre maio de 2010 e igual mês de 2011. Regionalmente, o indicador apresentou comportamentos diferenciados. Elevou-se em Recife (10,8%), São Paulo (4,1%), Fortaleza (3,1%) e Porto Alegre (3,1%) e diminuiu em Salvador (8,2%) e Belo Horizonte (2,9%), além do Distrito Federal.

AMPLIAÇÃO DO ESTUDO
A Pesquisa de Emprego e Desemprego pode passar a englobar as cidades goianas que compõem o Entorno. O GDF negocia com o Ministério do Trabalho e Emprego financiamento para que o estudo seja estendido aos municípios. Caso haja sinal verde, os primeiros resultados da PED ampliada serão divulgados em janeiro de 2012. É quase certo que com a entrada do Entorno, a taxa de desemprego local aumentará. O DF, que atualmente ocupa o terceiro lugar entre as regiões metropolitanas com os maiores índices de desocupados — atrás de Salvador e Recife —, pode saltar para o segundo posto.

Evolução da taxa de desemprego 

Jun/10 - 14%
Jul/10 - 13,7%
Ago/10 - 13,4%
Set/10 - 13%
Out/10 - 13,1%
Nov/10 - 13,2%
Dez/10 - 12,9%
Jan/11 - 12,6%
Fev/11 - 12,7%
Mar/11 - 13,4%
Abr/11 - 13,6%
Mai/11 - 13%
Jun/11 - 12,7%

Evolução do rendimento médio real* 

Mai/10 - R$ 2.264
Jun/10 - R$ 2.217
Jul/10 - R$ 2.228
Ago/10 - R$ 2.282
Set/10 - R$ 2.319
Out/10 - R$ 2.363
Nov/10 - R$ 2.370
Dez/10 - R$ 2.372
Jan/11 - R$ 2.352
Fev/11 - R$ 2.263
Mar/11 - R$ 2.193
Abr/11 - R$ 2.095
Mai/11 - R$ 2.075 

*Valores atualizados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC)
folha 11:19

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