Cristina Cabral
Clécio Alves alerta avalia que CEI poderá ficar sem efeito
A semana promete ser agitada na Câmara de Goiânia. O bloco de oposição vai tentar coletar assinaturas e instalar de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar as denúncias de irregularidades na licitação dos brinquedos do Parque Mutirama, como o POPULAR adiantou no sábado.

A coleta começará amanhã, mesmo dia em que o secretário municipal de Esporte e Lazer, Luiz Carlos Orro, também irá à Casa para prestar esclarecimentos sobre o processo. Conflitos entre vereadores da base já começam a surgir, e podem agravar o caso.

A coleta, liderada pela bancada do PSDB, precisará chegar ao mínimo de 12 assinaturas. "Vamos tentar convencer os vereadores diante das denúncias. Não há motivo para a base não querer assinar, já que dizem que tudo está em conformidade", disse o vereador tucano Geovani Antônio.

Já a base não tem, por enquanto, nem esboço de estratégia para impedir a CEI. "Não temos estratégia", afirmou o vereador Agenor Mariano (PMDB).

Para minimizar os desgastes, o prefeito Paulo Garcia (PT) fará, nesta manhã, uma reunião com a base, para esclarecer as denúncias, mostrar os dados que, segundo Agenor e outros governistas, comprovam a "inocência do secretário e do Paço". A conversa também servirá para o prefeito alinhar o discurso de defesa com os vereadores.

O vice-presidente da Casa, Clécio Alves (PMDB) alerta para a possível inutilidade da CEI, que é sempre composta por sete membros. Ele alega que, segundo o regimento da Câmara, a proporcionalidade das bancadas garantirá três postos para o PMDB, e os outros quatro deverão ser preenchidos pelos outros partidos mais expressivos. "Se eles conseguirem assinatura, só terão direito a uma vaga, e não vão poder fazer grande coisa, nem politizar a comissão", prevê.

"Vamos tentar negociar com o presidente (Iram Saraiva, do PMDB) e montar a CEI com quatro integrantes da base e três da oposição, porque a maioria para eles é natural", rebate Geovani, que considerou "lamentável" Fábio Tokarski (PCdoB) ter dito que Orro estará ciceroneado, ao se pronunciar na Câmara, por um grupo da base, incumbido de "desmoralizar" Elias Vaz (Psol), o autor das denúncias.

Clécio refuta Tokarski ao dizer que "não existe essa coisa de partir para cima do Elias". A vontade de fustigar o denunciante se deve ao fato de que foi Tokarski quem indicou Orro, também filiado ao PCdoB, para a Semel, garantem vereadores da base.

Na quinta-feira, Elias iria apresentar a denúncia em plenário, mas articulação da base o esvaziou. "Se eles não conseguem quórum para uma sessão, de onde vão tirar o apoio necessário para a comissão?", provoca uma fonte ligada ao prefeito.

Destoante
O líder do prefeito na Câmara, vereador Djalma Araújo, não teve apoio algum da base ao dizer que sua sugestão é que Orro se afaste temporariamente e que a licitação dos brinquedos do Mutirama seja suspensa. Segundo fontes do Paço, a articulação não passa pela saída do secretário responsável pelo processo. Djalma estaria fora de contexto, apontam.

Darci Accorsi, secretário Legislativo, encarregado de fazer a ponte entre o Executivo e o Legislativo, não concorda com Djalma. "Não sei o que ele quis dizer com isso, mas cada um fala o que quiser."

Um dos vereadores da oposição contou que foi sondado por Djalma sobre a possibilidade de o grupo recuar com a CEI, mediante o afastamento de Orro. O petista não foi localizado pela reportagem e não retornou os recados deixados em seus celulares.

Para o tucano Anselmo Pereira, vereador do partido que mantém a relação mais amigável com o Paço, Orro deve, antes de falar na Câmara, se reunir com o Djalma e Paulo Garcia, para acertarem os argumentos.
folha 09:07
fonte: o popular