Wildes Barbosa
 Os 400 quilos de maconha apreendidos na segunda-feira
Os 400 quilos de maconha apreendidos na segunda-feira
Nos últimos anos Goiás deixou de ser apenas rota do tráfico de drogas e tornou-se um importante centro de distribuição de drogas, principalmente para Estados do Norte e Nordeste e para a Europa. O levantamento da Polícia Civil, com base nas últimas apreensões de drogas, dão conta que quadrilhas de traficantes estão funcionando como empresas e utilizando um organograma que dificulta a ação policial na identificação dos chefes do tráfico de drogas.

Em pouco mais de sete meses, o volume de droga apreendido em Goiás já é seis vezes maior do que a quantidade apreendida pela Polícia Civil durante todo o ano de 2010. São 6 toneladas de droga, 70% delas maconha, contra cerca de 1 tonelada do ano passado. Na segunda-feira, aproximadamente 400 quilos de maconha foram apreendidos na BR-060, em Guapó, quando eram transportados para Goiânia.

Boa parte da droga vem do Paraguai e fica depositada em municípios do interior até ser transportada para a Grande Goiânia, onde é feita a distribuição. De acordo com o delegado-geral da Polícia Civil, delegado Edemundo Dias de Oliveira Filho, as quadrilhas já se instalaram em Goiânia, Bela Vista de Goiás, Itapuranga, Goianira, Catalão, Itumbiara e Rio Verde. De lá, distribuem drogas nas próprias regiões e enviam carregamentos para o Norte-Nordeste do País, de onde parte segue para a Europa.

Volume
Segundo Edemundo Dias, o volume de droga movimentada no Estado, no entanto, deve ser bem superior. Estima que as 6 toneladas apreendidas em 2011 correspondam a cerca de 10% do volume movimentado em Goiás.

"O Estado já não é só uma rota e a droga que chega não se destina apenas ao consumo interno. Goiás já se transformou em centro de distribuição e traficantes de todo o País estão se estabelecendo na Grande Goiânia e em cidades do interior, de onde fazem a distribuição", assinala Edemundo Dias. Goiás faria parte de uma rota importante no Brasil, com alcance internacional, de tráfico de entorpecentes.

O delegado frisa que tratam-se de quadrilhas altamente especializadas, com divisão de tarefas bastante definidas, o que caracteriza o crime organizado. As quadrilhas se instalaram em Goiás aproveitando a prosperidade do Estado, comprando imóveis rurais e urbanos, criando empresas de fachada para a lavagem do dinheiro do tráfico.

Nas propriedades rurais, segundo o delegado, as quadrilhas se aproveitam ainda das pistas de pouso já instaladas, o que facilita a ação do tráfico. Edemundo Dias frisa que o aumento no número de apreensões e de prisões deve-se principalmente ao aumento do consumo de drogas.

Em junho do ano passado, O POPULAR divulgou que o tráfico de drogas é a principal causa de prisões em Goiás e em todo o País, segundo dados do Sistema Integrado de Informações Penitenciárias (Infopen) do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), órgão do Ministério da Justiça (MJ).

As informações são referentes a 2009 e revelam que dos 9.870 detentos existentes em Goiás, 2.445 (quantitativo correspondente a 24,7%) respondem por tráfico de entorpecentes.

Ainda segundo o Infopen, o número de presos por tráfico de drogas cresceu 320% no Brasil entre os anos de 2005 e 2010, saltando de 32.880 para 106.491 presos.

O diretor de segurança prisional da Superintendência do Sistema de Execução Penal (Susepe), delegado Manoel Leandro da Silva lembra que a criminalidade migra para a atividade mais rentável e que o tráfico de drogas hoje é a atividade econômica ilegal que oferece o menor risco para o bandido e o maior ganho. "É uma questão de mercado", explicou.

Sem dar números precisos da população carcerária goiana atualmente, ele revelou que somente na Penitenciária Feminina Consuelo Nasser, das 61 presas, 36 cumprem pena por tráfico de drogas atualmente. "É uma amostra", disse ele.

O delegado-geral da Polícai Civil lembrou que além das quadrilhas de traficantes aproveitarem a posição geográfica do Estado para facilitar a distribuição de drogas, o número de carros novos em circulação atraem esse tipo de criminosos.

Em junho deste ano, O POPULAR divulgou que o número de carros roubados em Goiânia subiu 30% no mesmo período do ano passado. Mais de 3,3 mil carros foram roubados ou furtados na capital, o que gerou uma média de 19,41 ocorrências por dia. Segundo Edemundo Dias, o carro furtado ou roubado vira moeda de troca por droga nas mãos de quadrilhas de traficantes. Os carros são levados para o Paraguai, onde são trocados por maconha.

Maconha
Na noite de segunda-feira, o Grupo Especial de Repressão a Narcóticos (Genarc) de Aparecida de Goiânia prendeu Arley Silva Calixto, de 24 anos, e Marcos Antônio Moreno de Souza, de 25, quando transportavam, de Rio Verde para Goiânia, cerca de 400 quilos de maconha para distribuição. O veículo em que a droga estava com os dois, um Astra, foi abordado por policiais, na BR-060, em Guapó, por volta das 22 horas.

A quadrilha está sendo investigada há cerca de um ano. As investigações continuam em andamento para identificar o líder, que pode estar preso no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, a exemplo de outros traficantes. A quantidade apreendida, estima a polícia, corresponde à movimentação semanal da quadrilha.

A droga estava espalhada pelo porta-malas e bancos do carro, sem nenhuma tentativa de camuflagem. Marcos Antônio já teria feito o serviço em outra oportunidade e tem passagem por furto.

Arley, que já foi flagrado dirigindo embriagado, estaria participando do transporte pela primeira vez. Os dois receberiam R$ 10 mil para trazer a droga de Rio Verde para Goiânia e afirmaram à polícia que não sabiam de quem era a maconha.
fonte: o popular
folha 13:17