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Mário César, da área de TI: assediado por várias empresas
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  Nayara Francielly  foi contratada como balconista
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 André Damasceno: oferta de emprego em 4 construtoras
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Nos Classificados do POPULAR, cerca de 250 anúncios de empresas de diversos segmentos oferecem oportunidades de empregos para profissionais de diferentes ramos de atuação. Nas portas e nos murais de lojas de Goiânia cartazes em letras garrafais anunciam a "contratação imediata de vendedoras, secretárias e assistentes". O cenário, até pouco tempo desconhecido na economia local, revela um fenômeno quase silencioso que começa a pegar velocidade: há um apagão de funcionários com perfil operacional.

Levantamento realizado pelo POPULAR nas principais agências de emprego, órgãos do governo e escolas de capacitação de Goiás mostra que a falta de profissionais com média qualificação já incomoda o mercado goiano. Estão sobrando cerca de 25 mil vagas, à espera de profissionais como balconistas, pedreiros, vendedor e técnicos de automação industrial.

O processo é novo. O que se conhecia até então era a escassez de profissionais com mão de obra qualificada, como engenheiros, especialistas em sistema de informação, médicos. O apagão, porém, extrapolou as fronteiras e para atingir setores antes poupados pelo problema.

Segundo especialistas, o fenômeno é reflexo da expansão da economia nos últimos anos. A diretora da unidade de Recursos Humanos do Grupo Empreza, Maria Rita Moraes, diz que as médias e pequenas empresas estão buscando cada vez mais dinamizar à sua gestão empresarial. "Isso requer mais profissionais de um mercado que não consegue atender a demanda", enfatiza.

Por outro lado, o crescimento da economia é apontado como fator decisivo para a necessidade crescente de profissionais de média qualificação. O economista Carlos da Silveira afirma que as empresas, num momento de boom econômico, procuram expandir suas atividades, como forma de investimento. "Afinal, há crédito e confiança. E toda expansão passa pelo recursos humanos", afirma.

A empresária Neida Graça Batista, proprietária da panificadora Super Pão, no Setor Bueno, faz coro aos outros empresários brasileiros na reclamação da falta desse tipo de mão de obra. "Não se consegue trabalhador qualificado para nenhum cargo", lamenta. Segunda ela, a ocupação de balconista virou "bico" para as pessoas. "Ninguém quer seguir carreira e aqueles que atuam na área não têm compromisso com o emprego nem com a empresa", lamenta.

Neida Graça conta que tem sempre de treinar as pessoas para trabalharem como balconista, auxiliar de panificação e em outras áreas. "Isso demanda tempo, custos financeiros e até riscos de perda de produtos", relata. Atualmente, a panificadora tem quatro vagas em aberto, das quais três para balconistas e uma para ajudante de padeiro. "Não consigo encontrar trabalhadores", reclama.

Os balconistas, por sua vez, já começam a fazer a mesma leitura. A iniciante Nayara Francielly, de 18 anos, diz que não teve dificuldade em conseguir o primeiro emprego. "Eu tinha medo de não conseguir um emprego por ser inexperiente. Mas parecem que todos estão precisando. Então, a a empresa resolveu me oferecer um curso de treinamento e me contratar com um salário maior do que eu imaginava", conta a balconista recém-contratada.
FOLHA 10:07