Cristina Cabral
Thiago peixoto
"O partido hoje é vítima de muitos ataques porque ele promove uma mudança que incomoda a muitos. O DEM, por exemplo, está perdendo uma série de parlamentares. Então, nada mais natural que ele venha, nesse momento, tentar paralisar essa fuga de parlamentares que estão indo para o PSD" | Thiago Peixoto

O Partido Social Democrático goiano será formalizado nesta semana. Quais os próximos passos para a consolidação do partido?

Agora nós temos pela frente um novo estágio, que é da formação do PSD nacional e as filiações de quem tem mandato podem ocorrer até 30 dias após o registro nacional. Então, entre início de agosto e início de setembro, as pessoas vão decidir se vão ou não se filiar.

Esse processo de filiações pode ser prejudicado pela emenda que o senador Demóstenes Torres (DEM) apresentou na Comissão de Constituição e Justiça do Senado e foi aprovada, possibilitando a expulsão de mandatários que migram para partidos em formação?

Essa emenda foi, do ponto de vista prático, um grande factóide. Ela não gerou nenhuma ação prática. O que nós temos tido um cuidado muito grande é de convidar as pessoas que tenham perfil que nós consideramos que tem que ter o PSD. Temos feitos convites e conversas nesse sentido, mas sem dificuldades. Até porque existe a garantia. Já tem três deputados federais que foram (para o PSD).

Por qual motivo a emenda do Demóstenes é um factóide?
O partido está sendo criado agora e até o início de agosto ele será formado. Já o projeto ainda tem que passar pelo plenário do Senado, voltar para a Câmara para ser aprovado e isso tudo é um processo que poderá demorar meses, talvez anos. Ele pode pegar futuros partidos, mas o PSD, que está em um estado avançado como esse, não vai ser atingido de forma alguma. Talvez ele seja, inclusive, o último partido que vai ser montado nessas condições.

Mas não existiu qualquer tipo de debandada de possíveis filiados em Goiás por conta dessa especulação?

Não. Eu acho que teve dúvidas e questionamentos. Mas, por outro lado, quando as pessoas perceberam que esse pode ser o último partido a ser criado nessas condições, nós tivemos uma procura de pessoas que caminhavam em outro caminho e que decidiram caminhar com o PSD. Então teve até o efeito contrário.

O partido conseguiu as 30 mil assinaturas, mas como está a articulação com as bases eleitorais? Existe proximidade?

Foram formados diretórios municipais e o partido está em formação. Agora, ele busca filiar aqueles que querem construir algo novo. Quantas vezes você tem a oportunidade de pegar um partido começando do zero como agora, especialmente um partido que tem tudo para ser muito grande? Isso chama muito a atenção das pessoas.

Uma crítica que foi feita ao PSD seria a de falta de ideologia. Segundo alguns especialistas esta característica pode afastar o eleitorado. Como o senhor vê essas colocações?

O partido hoje tem uma busca por ele impressionante. Essa vontade de pessoas de diversos municípios de colaborarem com o partido é muito evidente. O partido está tendo um apelo perante a sociedade e isso é muito forte. Aqui em Goiás, o vínculo é muito forte com o governador Marconi. Basta dizer que de seus três deputados federais são secretários do governador. Em nível nacional, existe uma decisão do partido de que ele vai ser independente. Não vai haver um posicionamento claro agora com o governo federal, até porque tem algumas pessoas do PSD que tão vindo da base de formação da (presidente) Dilma Rousseff (PT) e outros estão vindo de outras.

Voltando às assinaturas, na fundação do PSD em estados como Amazonas e Santa Catarina houve problema com assinaturas falsas. Como isso está sendo controlado em Goiás?

Aqui não tem dificuldade nenhuma. Estamos coletando as assinaturas com simpatizantes ou pessoas que apoiam a fundação do partido e é tudo registrado em cartório. Não houve desgastes, não houve uso da máquina pública para isso. Todos os cuidados em Goiás estão sendo tomados nesse sentido. O partido hoje é vítima de muitos ataques porque ele promove uma mudança que incomoda a muitos. O DEM, por exemplo, está perdendo uma série de parlamentares. Então, nada mais natural que ele venha, nesse momento, tentar paralisar essa fuga de parlamentares que estão indo para o PSD hoje.

Durante as discussões sobre a fundação do PSD, houve especulações sobre sua ida ao PSB. Como isso se deu?

Eu tive um convite do PSB em dois momentos. No momento em que eu estava no PMDB, mas vivendo um momento uma crise muito grande, o PSB me fez um convite. Quem me fez esse convite foi o senador Rodrigo Rollemberg (DF) e eu não tinha condições para ir. Depois, há mais ou menos um mês, ele reforçou esse convite. Mas, como eu já havia avançado muito no PSD e já era secretário-geral (do partido), eu decidi recusar. Agradeci o convite, de forma tranquila, mas recusei.

E houve alguma possibilidade de desistência de filiação no PSD?
Quando eu fui convidado em fevereiro, era uma possibilidade. Depois, mais recente, quando tinha o compromisso com o PSD, aí não.

O deputado estadual Francisco Júnior (PMDB) tem flertado com o PSD. Como estão as negociações para a ida dele para o partido?

Ele é meu amigo, meu aliado há muito tempo e eu tenho conversado com ele constantemente sobre essa possibilidade. Não existe uma decisão clara, mas ele não me disse não ainda. E tem algumas coisas importantes que estão acontecendo. Está cada vez mais clara a falta de espaço do Francisco para ele levar alguns projetos políticos adiante. Todo mundo sabe que ele é um nome muito forte em Goiânia, teve uma votação muito grande na cidade, tem uma história. Então, todo mundo sabe que ele poderia ser um candidato a prefeito. E eu tenho conversado com ele, mostrando que no PSD essa é uma possibilidade junto com outro pré-candidato que nós temos, que é o (secretário de Cidades) Armando (Vergílio). No PMDB, por exemplo, a possibilidade de ele seguir esse caminho é zero. Aqui ele vai ter condições de defender uma pré-candidatura e, quem sabe, ser nosso candidato. Eu tenho tentado sensibilizá-lo nesse sentido de continuarmos nesse caminho juntos.

Nos bastidores, existe a especulação de que ele já decidiu ir para o PSD.
Ele não bateu o martelo, não falou nem que sim e nem que não. Mas eu percebo, a todo o momento, que ele está considerando, disso não tenho a menor dúvida. Nós tivemos, no sábado passado, um almoço com o (presidente estadual do PSD e secretário da Casa Civil) Vilmar Rocha para reforçar tudo isso que estou falando, da vontade nossa de ter alguém com o perfil dele no PSD e da possibilidade de construir um projeto dele aqui em Goiânia, entendendo que tem outro nome no partido em Goiânia. Apesar de ele não ter se posicionado, está claro para todo mundo a falta de espaço ou a não valorização dele no PMDB.

Mas o Francisco foi presidente da Câmara de Goiânia com o apoio do PMDB e também secretário de Planejamento da prefeitura na administração irista.

São as circunstâncias. Enquanto nós temos projetos em comum, é natural permanecermos juntos. Enquanto existem divergências, é preciso buscar outros caminhos. Eu entendo que ele tem divergências. Não é que ele teve problemas no passado, ele tem problema agora.

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