Zuhair Mohamad
Mauricely Farias foi contratada como auxiliar de produção
Mauricely Farias foi contratada como auxiliar de produção
Goiás fechou o primeiro semestre como o 6º Estado que mais gerou empregos formais no País. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), de janeiro a junho deste ano, o saldo entre contratações e demissões foi de 75.604 novos postos de trabalho com carteira assinada. Isso significa que, somente nos seis primeiros meses do ano, foram empregadas mais pessoas do que toda a população de Caldas Novas, que tem 70,4 mil habitantes, segundo dados do Censo de 2010, do IBGE.

Comparado com o mesmo período do ano passado, o número de vagas cresceu 7,53% e as indústrias são as maiores responsáveis pelo bom cenário da empregabilidade goiana. Geraram no semestre 22,9 mil vagas, concentradas nos setores que produzem os dois itens que talvez sejam o de maior necessidade para a população: alimentos e remédios.

Rapidez

Em meio à multidão de trabalhadores contratados, a jovem Mauricely Raiol Farias, 22 anos, conseguiu seu primeiro emprego na área industrial. Após quatro meses procurando, sem sucesso, por uma vaga de secretária, resolveu entregar currículo numa indústria de medicamentos e, em menos de dez dias, já estava empregada como auxiliar de produção.

A rapidez da contratação reflete o aquecimento do setor farmacêutico, que tem se expandido de forma acelerada e já enfrenta falta de mão de obra no mercado. Segundo o gerente de Gestão de Pessoas da Equiplex Indústria Farmacêutica, Wendell Alves Lacerda, a empresa ampliou o quadro de funcionários em 25% só no primeiro semestre, chegando a um total de cerca de 550 vagas.

Mas não consegue preencher todos os postos. "Muitas vezes, temos de abrir mão da exigência de escolaridade. Para vagas que seriam para profissionais com ensino fundamental completo, por exemplo, já tivemos de contratar pessoas que têm apenas a alfabetização", descreve.

O economista da Federação das Indústrias de Goiás (Fieg), Cláudio Henrique de Oliveira, explica que a expansão da indústria farmacêutica pega carona no câmbio atual. Com a queda do dólar, os insumos para a produção ficaram muito mais baratos, o que permitiu aumento da produção. Além disso, ele ressalta que o crescimento do setor no Estado tem atraído ainda mais empresas para o polo farmoquímico já estruturado em Goiás e, consequentemente, gerado mais empregos.

Já as empresas de alimentos e bebidas, que, no primeiro semestre, geraram um número de vagas quase equivalente ao das indústrias químicas e de medicamentos, se apoia no processamento da forte produção agrícola goiana. O economista frisa que, embora tenha havido oscilação na produção industrial, que ora apresenta crescimento ora desaceleração, a geração de empregos industriais em Goiás não foi abalada. "Mas a perspectiva é de que haja uma moderação no crescimento do contingente de mão de obra no setor industrial no segundo semestre. Ainda não sabemos como fatores externos, como o endividamento dos EUA e de países europeus, vão influenciar no cenário produtivo brasileiro", pondera.

O diretor de assuntos corporativos do Grupo USJ de usinas de álcool e açúcar, Igor Montenegro, diz que as empresas do setor têm investido em expansão, tanto na área agrícola, para a produção de cana-de-açúcar, como na indústria de processamento e produção de álcool, em função da crescente demanda por biocombustíveis.

Com isso, as contratações vão continuar aquecidas. "Somos responsáveis não apenas por empregos diretos na agricultura e na indústria, mas também nas atividades correlatas, como transporte de cana, manutenção industrial e agrícola", ressalta.

As outras atividades econômicas que se destacaram na geração de empregos no primeiro semestre em Goiás foram serviços (19.768), agropecuária (14.201) e construção civil (10.467).
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fonte jornal o popular -go